quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Casos suspeitos de microcefalia sobem para 2.782.

Ministério investiga se 40 mortes no país estão relacionadas à malformação.

Ao contrário do que vinha fazendo, pasta não deu nº de casos confirmados.

Marianna HolandaFonte; Do G1 DF
Técnicos do Ministério da Saúde apresentam dados sobre casos suspeitos de microcefalia no país (Foto: Marianna Holanda/G1)Técnicos do Ministério da Saúde apresentam dados sobre casos suspeitos de microcefalia no país (Foto: Marianna Holanda/G1)
O número de casos suspeitos de microcefalia em todo o país subiu para 2.782 até o dia último dia 19, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira (22). No levantamento do dia 12, havia 2.165 casos suspeitos, 134 confirmados e 102 descartados da malformação.
A pasta confirma 40 mortes suspeitas de terem sido causadas por microcefalia. No último levantamento, 26 óbitos eram investigados, uma morte foi confirmada e outra, descartada. Ao contrário do que vinha fazendo, o ministério não revelou no balanço desta terça o número de casos confirmados da malformação.

Segundo o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do ministério, Caio Maierovitch, o motivo é que ainda há dificuldade no enquadramento da doença pelos funcionários dos estados.

“De lá para cá [do dia 12 ao 19], recebemos muitos comunicados dos estados de que os profissionais tiveram muitas dúvidas no enquadramento dos casos. Há uma dificuldade na classificação e no enquadramento confiável, como casos confirmados e descartados”, explicou.

A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. A malformação é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm – o esperado é que bebês nascidos após nove meses de gestação tenham pelo menos 34 cm.
Combate ao mosquito Aedes Aegypti na região de Campinas (Foto: Reprodução/ EPTV)Combate ao mosquito Aedes Aegypti na região de Campinas (Foto: Reprodução/ EPTV)
Pernambuco é o estado com maior número de casos suspeitos de microcefalia: 1.031. Em seguida, vêm Paraíba e Bahia, com 429 e 271 casos, respectivamente. O Rio Grande do Norte e a Bahia são os estados com maior número de óbitos sob suspeita da doença: dez casos.

“Não há dúvida que a maioria esmagadora dos casos de microcefalia esteja relacionado ao vírus zika”, disse Maierovitch. O vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue  e da chikungunya.
Durante a apresentação dos dados, o ministério reforçou a importância do combate ao mosquito Aedes aegypti no período de festas e férias, quando se produz muito lixo descartável que favorece a formação de criadouros do inseto.Em 20 estados do país, 16 já instalaram “salas de controle” da doença, que repassam dados ao ministério. A pasta estabeleceu uma meta de, até 31 de janeiro, visitar residências em todo o país, em busca de focos do mosquito. O serviço será feito por os agentes epidemiológicos e comunitários de saúde e por homens do Exército. Cada agente deve visitar em média 20 residências por dia.
“Nós queremos exatamente chamar pela responsabilidade do descarte ecologicamente correto, de todos não deixarem expostos copinhos, copos, latas de garrafa, tudo o que a fêmea pode colocar o ovo”, pediu o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame.
O ministério também fez um apelo para que as pessoas doem sangue neste período, que, segundo Maierovitch, é quando “o número de casos de doenças agudas relacionadas com vetores costuma aumentar”. Além disso, segundo a pasta, normalmente há uma diminuição do estoque de sangue nos hemocentros no verão.
“Estamos orientando todos os doadores que tenham feito doação e tenha uma ocorrência de qualquer evento sugestivo de infecção pelo vírus zika até sete dias depois, a procurar um hemocentro para informar do caso”, afirmou Beltrame. As unidades de saúde estão sendo orientadas para redobrar os cuidados na monitoração de reações adversas no período pós-transfusão.